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ברוך ה"ה







martedì 21 gennaio 2020

POEMA DE AUSCHWITZ: DO ÓDIO E DA ESPERANÇA (de Pietro Nardella-Dellova)


POEMA DE AUSCHWITZ: 
DO ÓDIO E DA ESPERANÇA









I
Eu esperava ansioso para ir a Jerusalém, mas não é tão simples nem tão fácil chegar a Jerusalém. Muitos homens tentaram – e não conseguiram. Muitos homens ficaram à distância e não visitaram Jerusalém!

e
então
D'us
chamou
hasatan
e lhe perguntou:
de
onde vieste?
de rodear 
a terra,
respondeu 
hasatan,
sorridente

II
A saudade e a lembrança pressupõem a presença de pessoas, ávidas pelo conhecimento, ávidas pela luz e pelo momento em que tenham um estado de Shalom pleno e continuado. Mas, precisamos de desprendimento, da solidariedade, da consciência e responsabilidade com o que temos nas mãos. Em uma delas, a Torá; e na outra, a Poesia! Por que a surpresa, se amar e ensinar estão dentro de um contexto da mesma natureza e substância?

Amar é um estado em que um relacionamento se concretiza para o crescimento, para o fortalecimento, para germinar humanidades inteiras e desabrochar para a vida, para a alegria e para descoberta da nossa própria alma, singular e plena! Amar não é ter ou possuir, escravizar ou pendurar na parede, seja uma cabeça ou uma fotografia. Amar é lançar o outro adiante, na luz e nos processos de libertação. E, assim, na constância, convertê-lo em TU! Amar não é um procedimento idolátrico, diante de um deus grego ou romano, mas uma descoberta, uma realização, uma libertação, uma unção...

III
Por um pouquinho falaremos mais sério. Depois, voltaremos debochadamente a sorrir, rir, brincar e dar gargalhadas. Não, não é necessário ser sério em todas as horas do dia. Não gosto mesmo de ser sério e, menos ainda, em todo o tempo. Não me faz bem essa seriedade continuada, porque a vida vai ficando pela estrada, e as pessoas vão ficando um pouco amedrontadas, um pouco distantes...

IV
As pessoas em quaisquer situações são caras demais, valiosas demais e preciosas demais. È possível sorrir e às vezes até gargalhar. A Torá é alegria, e vida, humanamente vida! Afinal são seus filhos e são meus filhos. É o futuro deles que se pretende garantir com as luzes da Torá.

V
Por isso mesmo, as coisas parecem mais fáceis, mas não são! A constante intensidade em tudo traz ânsia de vômito. Pois a vida nos impõe isso mesmo: lutar pelos livros, cada um deles, pelo espaço e pelo conceito de dialética (contra preconceitos) pelos minutos e, ainda, tentar manter o sorriso. Às vezes vem a vontade de vomitar ou de abandonar tudo, e ir para o campo, cuidar de flores, animais, ver a chuva, o sol e ter alguma sensação de paz.

VI
Eu tenho vontade de vomitar... Porque olho adiante, e vejo e mar e o deserto. Um grande mar e, além, um causticante deserto, diante de mim, no caminho de todos – AUSCHWITZ:
venho
do
abismo
e profundezas: hades
onde há ranger de dentes
enxofre-resíduo-asfáltico
onde as almas se largam
e não há dor nem frio
não há sede nem fome,
apenas calor de infernos somados
que seca lágrimas remanentes
e as almas
se alargam
e se transfiguram
e se afiguram a coisas
que diluem
eu
venho
de
lagos-densos-desoxigenados
de
fétidas-misturas-fixas
onde não há
coisa alguma
e não se enxerga o azul
e não se ouve qualquer canção
e não se toca com a pele
e não se cheiram perfumes
e
não
se saboreia o mel
a fruta-leite-verdura
apenas
caindo
VÊESCUTAAPALPACHEIRARUMINA
o fedor de cadáveres abandonados
o desgosto de abismos
do delírio-cancro-inserto
nos
incertos-certos
coturnos engraxados no ódio.

E penso comigo: como atravessar o mar e o deserto? Mas, eu vi, à distância, que todos estavam bem, divertindo-se e cantando, e eu queria apenas um pouco de água para aliviar minha boca seca e salgada... Apenas um pouco de água, e nada mais, para que eu pudesse atravessar o mar e enfrentar o deserto. Fiquei espantado que não encontrasse quem me desse um pouco de água, apenas um pouco de água... Com a boca salgada, com os olhos salgados, diante deste mar – que eu vejo. 

VII
Precisarei unir os dedos. Preciso proferir uma Brachá. E em troca terei forças, terei saúde, terei energia, terei vigor e levantarei as mãos. Poderei, quiçá, abençoar mil gerações.


Nunca mais

caminharei trôpego

e pesadamente aborrecido

desaparecido nos corredores

solitário
cabisbaixo
retardatário!


Nunca mais esconderei

a face

em lágrimas tantas

sob a manta do fracasso

envelhecido
alquebrado
esquecido!


Eu irei,
certamente irei,
banhar-me ao sol do novo tempo
descobrindo o corpo renovado
e rirei com os lábios,
com o abdômen
e com os olhos
caminhando entre multidões
e cantando
e pulando
com peito erguido às conquistas!

Acordarei bêbado de felicidade

e beberei feliz

brindando na alvorada

o

novo

dia.


© Pietro Nardella Dellova. “A Mulher Que Me Encontrou em Napoli: Acerca dos Lábios Salgados e Água Fresca”, in A MORTE DO POETA NOS PENHASCOS E OUTROS MONÓLOGOS. Scortecci Editora, 2009, pp. 139-149 e 249.

NOTA: Partes do texto acima havia sido publicado primeiramente no meu livro ADSUM. Scortecci Editora, 1992, p. 96. O manuscrito original em italiano, de 1990, tem o nome de AUSCHWITZ: DELL'ODIO E DELLA SPERANZA.



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