O ALUNO DE DIREITO
QUE É TAMBÉM UM PEDREIRO!
Assumi uma turma de Primeiro Semestre, com Direito Civil. Foi o primeiro dia de aula, e, logo na primeira Carteira, um Estudante, diria, um jovem senhor (talvez, uns 45 anos), mostrava-se radiante, sorriso largo, olhos vívidos. Depois que comecei a expor as bases do meu Direito Civil-Constitucional ele não se conteve, e disse:
- É isso, Professor, é isso, estou emocionado com tudo isso.
- Com o que exatamente, meu caro?
- Ouvir o senhor, estar aqui nesta Carteira, era meu sonho cursar Direito...
- Que bom, fico feliz com isso...
- Professor, eu preciso tirar uma foto e mandar para minha mãe, para ela ver que estou aqui, ela mora no Ceará, e nem pode imaginar que estou fazendo Direito.
- E você trabalha em quê, meu caro?
- Sou pedreiro, Professor...
E foi-se uma semana... No segundo encontro, o aluno - também pedreiro, trouxe vários livros que comprou no sebo, e pediu que eu visse e dissesse algo sobre os livros. Ainda ele estava radiante... Disse-me:
- Professor, estou tão orgulhoso, tão feliz, o senhor não sabe o que significa para mim poder estudar aqui... estou honrado em ter o senhor como Professor...
- Eu imagino, meu caro, eu imagino. Mas, eu estou
honrado em ter você por aqui. Você traz dignidade para esta Casa do Direito. E, guarde o que vou lhe falar: o Direito precisa mesmo de pedreiros, de construtores, de gente que sabe o que é construir uma casa, o que é construir uma ponte, o que é construir um caminho, enfim, o Direito precisa mesmo de gente digna, como você, e, sobretudo, de gente que pretende fazer a própria mãe feliz...
honrado em ter você por aqui. Você traz dignidade para esta Casa do Direito. E, guarde o que vou lhe falar: o Direito precisa mesmo de pedreiros, de construtores, de gente que sabe o que é construir uma casa, o que é construir uma ponte, o que é construir um caminho, enfim, o Direito precisa mesmo de gente digna, como você, e, sobretudo, de gente que pretende fazer a própria mãe feliz...
Ele saiu, com olhos lacrimejantes. Eu saí, com olhos lacrimejantes...
(Pietro Nardella-Dellova)
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