por Pietro Nardella Dellova
O sr. Jair Bolsonaro continua com seu
ataque contra os trabalhadores. Hoje, ele assinou uma MP - Medida Provisória,
proibindo a contribuição sindical. Não bastou a "reforma trabalhista"
para estrangular o trabalhador, foi preciso, ainda, esta MP. Na verdade, a
"reforma trabalhista", por um acordo feito com os sindicalistas à
época, dispunha que tal contribuição não ocorreria, com antes, de modo
automático, mas seria fruto de acordo entre trabalhadores. Mas, a MP foi
assinada, impedindo, inclusive, o acordo sindicato-trabalhador. Por quê?
Porque esta MP tem por objetivo
sangrar os Sindicatos completamente, tirando-lhes a energia financeira e, com
isso, o financiamento de suas manifestações (além de pagamento de honorários de
Advogados trabalhistas). Mas, algumas poucas observações são necessárias (na
medida que esta página permite). Vejamos.
1) A MP, assinada hoje por Bolsonaro,
tem mesmo objetivo de estrangular o movimento sindical. Assinada, agora, quando
os Sindicatos anunciaram uma série de manifestações contra a "Reforma da
Previdência" por todos os meses em que a mesma tramitará no Congresso. Sem
dinheiro, por óbvio, não há (ao menos com força) qualquer manifestação do
trabalhador via Sindicato.
2) Por outro lado, os Sindicatos dos
Trabalhadores estão no seu pior momento, prova disso foi a sua completa omissão
quando da "reforma trabalhista". O Sindicato está esvaziado da energia
que marcou sua criação e desenvolvimento nos séculos XIX e XX. Os sindicalistas
perderam muito do seu "companheirismo" com o trabalhador e,
misturados à política partidária (de qualquer país), e, no caso brasil(eiro),
nos governos petistas, foram impermeabilizados. Sentiram-se no (e com o) poder
político, quanto o conceito de SINDICATO tradicionalmente, não apenas nada tem
a ver com PODER POLÍTICO, mas geralmente a ele se opõe. A mistura, com a
ruptura da dialética democrática: empresário, trabalhador e governo, deu em uma
coisa gosmenta e enfraqueceu o trabalhador. O governo não é mais um
“magistrado” para regular e fazer o equilíbrio entre interesses econômicos –
ele está misturado ao empresário, e aos bancos!
3) Apesar disso (fraqueza dos Sindicatos),
ainda assim é hoje o único recurso, ao lado da Justiça do Trabalho (também
atacada por Bolsonaro), que pode pleitear, defender e assegurar os direitos dos
trabalhadores. É um “fraco” necessário em um cenário de destruição diuturna dos
direitos, mormente em um momento como o desse país, resultado da mistura do
pior da política (família Bolsonaro e seus apoiadores) com uma fome insaciável
da pior direita, ou seja, direita anti-constitucional e bancária.
4) Não bastou a reforma trabalhista condicionar
o desconto a um acordo com o trabalhador, porque, ainda assim, haveria alguma
energia financeira dos Sindicatos. Esta MP, assinada hoje, MP DO
ESTRANGULAMENTO, visa explodir e implodir os Sindicatos (além de impedir a
vontade do trabalhador) e, com isso, matar, na origem, qualquer manifestação
sindical contra a "Reforma da Previdência". O sr. Bolsonaro usa do
que lhe é próprio, ou seja, a patifaria, agora patifaria fortalecida pelo
"poder de governo", para destruir o adversário (trabalhador) antes
mesmo que o adversário erga-se nas vias públicas. É uma MP covarde porque
demonstra que o "governo" não quer o diálogo ou debate públicos sobre
a Reforma da Previdência, mas impô-la de modo autoritário e bancário.
Lembremos: Bolsonaro não tem qualquer vontade de dialogar com trabalhadores e
com a sociedade em geral.
5) Por último, diga-se ainda, que uma
MP, enquanto instrumento legal, só poderia ser utilizada em casos extremos e de
emergência e, por isso mesmo, tem força imediata de lei. Não é o caso da
"contribuição sindical" que não tem qualquer urgência. É um
instrumento, a MP, neste caso utilizado por um covarde (Bolsonaro e os seus),
apropriado a quem defende o "matar" sem conversar. Esta MP é um tiro
na testa do trabalhador, fruto de um governo que, já demonstrou, ser movido por
violentas forças de destruição dos direitos fundamentais.
CONCLUSÃO:
Talvez, apenas talvez, os Sindicatos
consigam rapidamente se organizar para contrapor-se à Reforma (iníqua) da
Previdência. Se conseguirem, será como ressuscitar de entre os mortos. Se
conseguirem, farão a diferença e, ao contrário do que quer Bolsonaro, o
Trabalhador (assim, com letra maiúscula) sairá fortalecido, reinventado e
preparado para outras lutas - e elas virão!
© Pietro Nardella-Dellova, Doutor em
Direito pela UFF - Universidade Federal Fluminense. Mestre em Direito pela USP
– Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Mestre em Ciência da Religião pela PUC/SP. Pós-graduado em Direito
Civil e em Literatura. Formado em Direito e em Filosofia. Professor de Direito
desde 1990. Membro da “Accademia Napoletana”.
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