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ברוך ה"ה







martedì 10 gennaio 2012

DA IGNORÂNCIA MÓRBIDA ou, A MESA ESTÁ POSTA ! (por Pietro Nardella Dellova)


DA IGNORÂNCIA MÓRBIDA ou,
A MESA ESTÁ POSTA!!!

por Pietro Nardella-Dellova


Todo processo de desenvolvimento social ou individual passa, necessariamente, por relações dialéticas, ou seja, para que se alcancem novos postos no conhecimento humano, os vários saberes até aqui conquistados devem entrar em tensão, em um confronto saudável, cujo resultado é um avanço, ainda que apenas conceitual (mas, mesmo assim, um avanço).

Oxalá, pudessem os conhecimentos, integrados – e avançados - concretizar-se em conquistas, em realizações à humanidade, como um todo. Humanidade é um termo amplo e complexo demais? Va bene, pudessem, então, realizar-se para benefício da sociedade ou de um bom e suportável contrato social.

A ideia de desenvolvimento seria que, a cada geração, novos avanços se observassem e todos pudessem, afinal, desfrutar de alguma coisa boa. Mas, para esse resultado, tudo o que se tem à mão deveria sinalizar o caminho – sempre para adiante! É como fazer uma determinada trilha em lugar desconhecido em que, a cada espaço percorrido, vai-se marcando o caminho com fitas amarradas nas árvores e plantas.

Após o percurso de anos (décadas mesmo) o que se percebe é o andar em giros, não em torno de um determinado ponto, mas ao léu, em um tempo de cegueira (com os méritos a Saramago!!!)

Não há caminho de volta e não há caminho de ida. Não tanto porque o caminho (ou estrada) não foi sinalizado, mas por uma razão ainda mais dramática (o termo me parece oportuno), pois, há um culto desqualificado, uma excitação incompreensível, um estado de comunhão com o desconhecimento e fumaças da estrada. Para muitos (quase todos!) é bom estar idiotizado, sem rumo, sem alcance e sem meta! É estado de ignorância mórbida!

Ignorância mórbida é aquele estado diante do qual nenhum grito, reunião, clamor, encontro, seminário, exames, testes, provas, aconselhamento, sentença, embargo e outros meios de “tentativa de comunicação”, funciona razoavelmente! A ignorância do próprio estado de ignorância levou ao desmanche do diálogo (ou possibilidade de diálogo) e, giramos, então, sem sinalização no caminho (trilha ou mata fechada).

E, bem pior que o estado de ignorância do próprio estado de ignorância, é o processo pelo qual todos (ou a maioria) vive (diria, existe) alimentando-se da própria ignorância. O grande “deus” excitante da atualidade é mesmo o “deus ignorância” que, como outros deuses pagãos, vai exigindo cada vez mais sacrifícios humanos (e desumanos!), cultos, estado de sonolência, resumos, sinopses, plágios, energia e a vida toda...

É a ignorância básica em relação à organização social e política. Ignorância básica em relação à história. Ignorância básica em relação ao estelionato religioso (em cada esquina, praça, estádio e canal de televisão). Ignorância básica em relação ao mundo (ou submundo) jurídico. Ignorância básica em relação aos governos. Ignorância básica em relação aos relacionamentos humanos (principalmente, o sexual). Ignorância básica em relação ao toque feminino e seu poder criativo. Ignorância básica em relação aos processos de humanização do mundo. Ignorância básica em relação à educação dos filhos. Ignorância básica em relação à higiene pessoal (e social). Ignorância básica em relação à Ética. E ignorância básica em relação à ignorância básica!

Por isso mesmo, idiotas eleitos (ou não) se tornam chefes de nossas casas. Por isso mesmo, o número de religiosos, fanáticos, fundamentalistas, esotéricos e outros drogados, aumenta, quando deveria diminuir, vivêssemos um tempo de clareza e conhecimento. E, proporcionalmente, aumenta o número de líderes religiosos, estelionatários, curandeiros, exorcistas e de outros mentirosos, como resultado direto da crescente massa disforme que azurra apenas entre um curral e outro, e cambaleia entre uma seringa e outra e termina, desfeita, em pó.

Por isso mesmo, as rezas são ensinadas, reinventadas, copiadas, projetadas, musicadas, vendidas, alugadas, plagiadas, modificadas, cada vez mais, quando deveríamos simplesmente viver sem rezas (pois foi isso que o Eterno determinou: vida!).

Por isso mesmo, o mundo jurídico tornou-se uma caixa vazia ou um conjunto de instrumentos desafinados e desarmônicos (inclua-se aí, com veemência, o Ensino Jurídico, igualmente vendido em cada esquina por contratos leoninos!).

Por isso mesmo, não há projeto político e os candidatos parecem, sempre, coveiros exemplares. Por isso mesmo, os relacionamentos são (e cada vez mais) um processo de autodestruição, vampirismo e virtualidades. Por isso mesmo, nossos filhos estão entregues, geralmente, nas mãos de genocidas.

Por isso mesmo, estamos em um tempo de “máscaras e álcool gel”. Por isso mesmo, perdemos nossas vidas em uma “existência” idiotizada na ignorância e na falta de ação!

Va bene... Que os vírus dos porcos mexicanos, e os vírus das galinhas chinesas, e os vírus dos produtores de álcool, e os vírus dos pecuaristas, e os vírus da Internet, e os vírus de todos os legislativos, e os vírus de todos os executivos, e os vírus jurídicos, e os vírus dos laboratórios, enfim, que todos os vírus dos vírus sociais, coloquem máscaras sobre as máscaras da ignorância, e matem todos, embriagados no álcool gel. Enfim, a mesa está posta: coma-se merda: milhões de moscas não podem estar enganadas!

Setembro, 2009 (12 Elul, 5769 – Ki Tavô Devarim 26:1 - 29:8)


© Pietro Nardella-Dellova. Doutor em Direito pela UFF - Universidade Federal Fluminense. Mestre em Direito pela  Faculdade de Direito da USP. Mestre em CRE pela PUC/SP. Pós-graduado em Direito Civil e em Literatura. Pesquisador CAPES de Direitos Humanos e Judaísmo pelo PROCRE/PUC-SP. Bacharel em Direito e Licenciado em Filosofia. Membro da UBE – União dos Escritores. Membro do Gruppo Martin Buber (Roma) para o Diálogo entre Israelenses e Palestinos. Membro da Accademia Napoleta per la Cultura di Napoli. Autor dos livros AMO (89), NO PEITO (89), ADSUM (92) e FIO DE ARIADNE (org./co-aut., 94), A MORTE DO POETA NOS PENHASCOS E OUTROS MONÓLOGOS (Ed. Scortecci, 2009, Livraria Cultura) e ANTROPOLOGIA JURÍDICA: UMA CONTRIBUIÇÃO SOB MÚLTIPLOS OLHARES, Scortecci, 2017,  das traduções FILOSOFIA DEL DIRITTO PRIVATO (de P. Cogliolo) e GIUSTIZIA (de Z. Zini), bem como, das teses A PALAVRA COMO CONSTRUÇÃO DO SAGRADO (PUC/SP) e A CRISE SACRIFICAL DO DIREITO (USP). Professor e Consultor de Direito
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