Introdução
O presente DIREITO, MITO E SOCIEDADE é um livro nascido da reelaboração das duas edições do nosso anterior Antropologia Jurídica (2017 e 2018). O livro foi revisto, corrigido e modicado, a fim de atender à edição do e-book e, ao mesmo tempo, colaborar com o estudo das Ciências Jurídicas e Sociais. O mundo passa por um período pandêmico, que exige a reinvenção do “modus operandi” acadêmico de todos e todas: aulas remotas, comunicação virtual, encontros à distância por meio de recursos da internet e reelaboração do material de leitura e estudos.
Além disso, e apesar disso, ainda há outras frentes de luta contra movimentos explicitamente antidemocráticos, negacionistas e perversos. Em muitos lugares do mundo se verificam grupos sabidamente neofascistas, autoritários. No Brasil, tais grupos atentam diuturnamente contra os valores democráticos e constitucionais, corroendo as Instituições Democráticas que legitimam a alternância no poder.
Por isso mesmo, resolvemos rever, reler, corrigir, readequar e reorganizar muitos textos já publicados no nosso Antropologia Jurídica, mas com outra face e objetivo, assim como com outro corpo. Preferimos dar aos mesmos não mais um conteúdo programático para atender simplesmente aos currículos de Cursos Jurídicos, mas um trabalho orgânico, abrangente, interdisciplinar, com o expresso objetivo de provocar reflexões em tempos de antidemocracia pandêmica.
O nosso livro está estruturado em três partes. A primeira trata dos fundamentos da Antropologia e da Sociologia, suas fontes e objetos de estudo, incluindo nesse contexto um debate sobre culturas, bem como da origem das sociedades gerais. A segunda parte trata do fenômeno religioso e mítico, sendo esse um dos mais importantes objetos de estudos contemporâneos (sobretudo em face de uma brutal investida de religiosos nas funções executivas, judiciárias e legislativas do Estado laico). Nesse ambiente, tratamos de fe¬nômenos que pretendem explicar a sociedade atual, como, por exemplo, o sistema sacrificial e de vingança. De outra parte, trata da religião como um fenômeno comum a todo e qualquer ser humano.
A terceira parte concentra-se na Socioantropologia. Entre os vários aspectos ali tratados, encontram-se a consolidação da Antropologia Jurídica como disciplina, o sentido do justo, o senso de justiça e as estruturas do positivismo e do pluralismo jurídicos.
Assim, com satisfação, apresentamos aos estudiosos, o nosso Direito, Mito e Sociedade, certos de que, apesar do distanciamento social, não perdemos a capacidade de reinvenção e atuação crítica para um mundo mais esclarecido.
Abril de 2021
Pietro Nardella-Dellova
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