alla Filosofia Dialogica, Letteratura, Relazioni Internazionali, Scienze Interculturali, Diritti Umani, Diritto Civile e Ambientale, Pubblica Istruzione, Pedagogia Libertaria, Torah, Kabballah, Talmude, Kibbutz, Resistenza Critica e Giustizia Democratica dell'Emancipazione.



ברוך ה"ה







domenica 31 marzo 2019

DE NÓS, O POVO (a palavra contra a Ditadura Militar), Poema de 1983, por Pietro Nardella-Dellova

fotos de 379 desaparecidos na Ditadura Militar - 1964-1985

DE NÓS, O POVO
(a palavra contra a Ditadura)
Levantamo-nos hoje (é ainda madrugada), para sentirmos o perfume da liberdade, e d'entre os pinheirais abraçarmos a alvorada, descobrindo que somos nós a única verdade;
e que este Sol, que agora se nos nasce, aquecerá a nossa terra e lhe dará graça, e há de fazer brilhar do povo as faces para que tirano algum pise e desfaça;
porque cansamos de sempre ser pisados, e de assistir, tristes, o fim dos nossos desejos debaixo de pretos coturnos esmagados, e de assistir crescer a fome entre os sertanejos;
Ademais, cansamos de sentir fome e sede, e de não termos direito em pensar nada, de sermos assassinados contra a parede quando reclamamos o preço da jornada;
Ademais, cansamos de fazer mais milionários todos os milionários que nos fazem mais pobres, e mais ricos todos os frios mercenários: cansamos de ver que o poder lhes sobe;
Ademais, cansamos de tirar os filhos da escola e transformá-los em escravos mal remunerados, e vê-los em ônibus lotados com azedas sacolas, passando fomes e presos a um sistema amaldiçoado;
Ademais! Ademais! Cansamos desta canga, e cansamos do cansaço, e cansamos de tudo, e cansamos desta dor que d'alma sangra, e cansamos de nos tornar cegos e mudos!
Ademais, NÓS (Zé, e Raimunda, e Maria, e Dito) cansamos de ser roubados a toda hora, por sermos (Zé, e Raimunda, e Maria, e Dito) e cansamos... - queremos ser um povo agora!
(Pietro Nardella-Dellova. Poema "De Nós, o Povo - a palavra...", escrito em 1983, retratando a minha percepção "colegial" do que era a Ditadura Militar, instalada no país desde 1964 e, depois, publicado no meu segundo livro: NO PEITO HÁ UMA PORTA QUE SE ABRE. SP: Editora L&S, 1989, pp. 38-39)

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