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ברוך ה"ה







lunedì 17 ottobre 2011

O RITMO DO TEMPO, A PRECLUSÃO e o TUMULTO ou, O ROUBO DAS FASES DA FORMAÇÃO






O RITMO DO TEMPO, A PRECLUSÃO e o TUMULTO ou, O ROUBO DAS FASES DA FORMAÇÃO


Tudo, conforme a natureza, tem um tempo. Tempo de ser semente (ainda que potencialmente uma árvore), tempo de germinar, tempo de desenvolver, robustecer-se, transformar-se em árvore, produzir frutos e, neste ritmo, viver de forma natural.

O ser humano, ou melhor, a pessoa, não foge ao ritmo. Há um tempo transformador, natural – um devir (movimento transformador conforme ensinou Heráclito). Não é possível lutar contra este tempo sem prejuízos terríveis ao processo de formação. E, sem ser tão simples, mas compreensível, o processo refere-se ao corpo, às emoções, à formação de idéias e, sempre, às relações interpessoais.

Seria tão absurdo exigir de uma semente o fruto “em potencial” quanto de uma criança, a leitura, compreensão e interpretação de uma obra, digamos, de Homero, Machado de Assis ou, mais atual, de Umberto Eco. As crianças começam a aprender com o lúdico, com os jogos e, depois, com letras (às vezes com carinhas inseridas nas letras), com livros curtos ilustrados. É o processo, o ritmo e o movimento de formação.

Mas, o que se percebe é o bombardeio de informações, sejam virtuais ou não, sobre pessoas. Os vestibulares brasileiros (das Faculdades sérias que fazem vestibulares) exigem obras da Literatura que nunca foram escritas para jovens adolescentes. Por exemplo, Dom Casmurro. Tanto é verdadeiro que tais obras já sofreram alterações substanciais no sentido de diminuir-lhes as páginas. São resumos de obras. Na Itália não é diferente, pois se cobram de jovens a leitura de Il Nome Della Rosa! Tudo bem, neste texto o meu foco não é bem este!

Voltando. Tudo é suscetível de um ritmo, de uma organicidade temporal - e espacial. Então, as pessoas são bombardeadas com informações sem fim – e sem critério. Especialmente as crianças e adolescentes que estão, lógico, em flagrante processo de formação. Formação que não pode ser retardada (no sentido de obstaculizar) como foi a das gerações anteriores. Os pais e outros responsáveis pela formação dos mais jovens escondiam, em décadas anteriores, fases do processo de formação, criando verdadeiros monstros (quando adultos) cheios de desajustes físicos, emocionais, intelectuais e, por desgraça conseqüente, interpessoais. Estas últimas gerações foram sendo formadas a golpes de picareta!

Houve subtração de fases importantes do aprendizado e da formação anteriores, impondo às pessoas uma formação com vazios e, usando um termo técnico, criando preclusão (impossibilidade de realizar determinado ato em seu tempo processual), situação especialmente vivida por famílias e escolas do período ditatorial militar, nazista ou fascista (tempo de destruição completa da educação e formação).

Porém, se é verdade este furto (diria, roubo) da formação anterior, não é menos verdade haver, hoje, igual furto (diria, ainda, roubo). Naquele período, houve a subtração, retirando-se as fases de formação. Agora, há subtração impondo todas as fases a um só tempo. Explico! A falta de critérios e de compreensão das fases de formação e o excesso de informações, além da oferta de experiência que deveriam ser futuras, criam outro agravante, semelhante ao outro, isto é, a subtração da fase pela quantidade excessiva. Também, aqui, dou um nome técnico: “tumulto”. Tumulto que, em processo, significa a prática de atos processuais fora do tempo, especialmente, com antecedência. Enfim, tanto a preclusão (forçada) quanto o tumulto (excesso ou a perda do compasso) levam a uma deformação cujos efeitos saltam aos olhos, sejam no corpo, no emocional, no intelectual e, outra vez, nas relações interpessoais.

Tornou-se comum, por exemplo, antecipar a sensualidade de uma criança (erotização), ou seja, de quem não tem nem corpo nem emocional para ler, compreender, interpretar e responder à sensualidade. Sensualidade que no adulto é maravilhosa e bem-vinda, em uma criança, torna-se monstruosa!

Não deveria ser difícil compreender que para cada experiência – e a vida é feita de experiências – há certo aparato integrado para responder. Cada experiência exige uma formação ou o completamento de uma fase de formação, a fim de haver respostas positivas! Os hebreus, os gregos e os romanos sabiam disso. Mas, os professores, educadores, pais e responsáveis pelos veículos de comunicação, que estudam – ou noticiam - os hebreus, gregos e romanos, não o sabem. Antes, havia sede de liberdade e de respeito. Hoje, há uma tonelada de dados, informações e provocações sobre quem não agüenta um quilo! Antes havia fome, de pão e carne; hoje, tantas as codornizes e outros passarinhos oferecidos, que se come sem mastigar, aliás, é enfiado, socado e remoído com em um pilão até, enfim, saírem pelas narinas ou se transformar em patê de ganso e vômito. E o pão, ora o pão, está mofando, verde e envenenado! Jogamos nossas crianças e jovens no poço, tirando-lhe o direito de conhecerem, a seu tempo, a vida e seus aspectos. Hoje, deixamos, todos, em mares abertos de plástico e detritos. Chamávamos aquilo de educação e isto, bem isto, chamamos de liberdade!

Hoje li em um encarte infanto-juvenil, do Jornal Folha de São Paulo, duas matérias lado a lado, uma sobre o desempenho de um jovem (de 12) com seu skate e outra sobre heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade de artistas e músicos (todos com mais de 30) e suas aventuras nestes campos (sexo). Acho que houve algum “tumulto” nesta matéria (diria, roubo de alguma fase!)

© Pietro Nardella-Dellova. Professor de Direito e Escritor. Autor do Livro A MORTE DO POETA NOS PENHASCOS E OUTROS MONÓLOGOS. 2009 (disponível pela Livraria Cultura)

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