BALLERINA
(na língua luso-brasiliana)
I
O tempo do poeta
É o tempo das almas libertas,
De amor sem pontos nem vírgulas,
Das brisas sopradas
Antes dos tempos serem formados;
De quem busca, e encontra,
A mulher única, preferida, amada,
Cujos passos se confundem com a dança
E a voz com a música que vai entre rochas,
Despertando deuses esquecidos:
Ela é uma canção e seus olhos se abrem para o acima:
– palavra e pessoa, partitura e notas, ar e dança!
Tudo vem e desperta:
O corpo nu, parado, dança;
E num esboço de sorriso tudo se mistura
E se faz como qualquer coisa
De universo, mar, céu e tudo...
Pois tudo carrega em si uma história:
História dos despertamentos,
De
vigor
E
E
vida.
Porque há mulheres que despertam Poetas,
E fazem os mares se abrirem
E criam, em um vôo, universos incontáveis:
Há mulheres que se fazem enxergar e ver,
Que se fazem escutar e ouvir,
Que afinam cordas e abrem asas para sempre...
E se tornam singulares, únicas, preferidas,
Uma canção cujas notas vão além e aquém
Superam a partitura e seus pentagramas:
São mulheres que voam!
Porque criam asas com as próprias mãos
Asas da Poesia,
Poesia como criação,
Barro,
Água,
Fogo,
Ar
– Poesia-alma além da alma!
Poesia para fazer asas e voar,
Poesia de mandar acima,
Tirar do chão, fazer festa;
Poesia de ensinar o vôo além,
Poesia libertária,
Anárquica
E humana!
Poesia que abre os passos,
Passos singulares,
Passos de dança,
Poesia de espaços para águias voarem!
Porque é preciso ter algo além, de encanto,
De música, de fogo, de vida, de dança,
Para mergulhar nos olhos do Poeta
Para chegar e fazer morada ali,
Porque os olhos do Poeta
São feitos de encanto, música, fogo, vida
São olhos afeitos à dança, ao mergulho:
São olhos libertários,
De amor libertário:
Olhos de vida!
Que vão ao alto das montanhas,
Às rochas inacessíveis,
Talhadas pelos ventos, cortadas de quando em quando
Pelos sopros de mulheres que voam às alturas:
Mulheres-águias, feito música,
Mulheres-dança, feito encanto,
Porque estas são as mulheres que chegam às alturas,
A preferida chega,
Então, sem esforço e leve:
Chega com uma nota apenas,
Dois passos
E um sorriso
E nem sabe que em dois passos e um sorriso
Estremece os altos do Poeta,
E neste encanto o conduz
Em uma volta e um salto, um olhar acima e alegria sem fim:
Sem grito nem ruído, sem dizer palavra alguma,
Ela voa com sua dança,
Leve como a brisa ao final de tarde...
Por isso ela tem um nome, um novo nome,
Porque o Poeta vive para dar nomes aos seres,
E ela tem um nome,
Que leva e conduz, que canta e dança,
Que encanta e faz ainda mais amada,
Um nome que vem de outro mar,
E rasga os oceanos e repousa em seus olhos...
II
Queres saber?
Queres saber por curiosidade
Ou por música?
Queres saber como quaisquer que lêem um jornal
Ou
Como alguém que descobre uma fonte?
Queres saber mesmo?
Pela música e pela força?
Pela fonte de água?
Pela alegria?
Queres que eu diga este nome?
O nome que dei como jamais daria a alguém?
O nome que revela a porta aberta do Poeta?
Não,
Não é o nome de uma pessoa,
De apenas uma pessoa,
Mas, de uma Mulher
Diante de quem o Poeta
Pára,
Fica,
Emudece!
De quem mergulha
Nos olhos do Poeta e se torna brilho:
Mulher que arranca o Poeta de seus labirintos
Lançando um fio de delicadeza rubra...
Vem,
Queres, ainda, saber o nome que dei a esta Mulher
Que voa quando parece estar parada?
Que canta quanto parece estar calada?
Que sorri quando parece imóvel?
Que levita na suavidade
Quando todos parecem estar colados ao chão?
Eu dei um nome a esta mulher única
E quando chamo, parece ouvir,
Parece entender,
Parece compreender
A diferença entre dançar e voar,
Entre música e ruído,
Entre poesia e poema,
Entre brisa e vento,
Entre afeto e piedade,
Entre Poeta e Mestre...
Será que compreende mesmo?
Queres saber?
Agora mesmo
Este nome me vem aos lábios,
E eu mordo os lábios,
E misturo o nome a um som
Que faço retornar aos meus mais profundos
Espaços interiores...
Eu mordo os lábios porque o nome que dei
Tem asas e harmonia,
Tem vida e fogo.
Tem humanidades libertárias...
E avança com passos além do palco!
Queres saber por curiosidade?
Vem,
Encoste o dedo nos lábios do Poeta,
Leve e delicadamente,
E puxe este nome,
Tome-o,
Pois está entre os lábios – e é teu!
Está preso aos dentes:
Mas, é teu - plena de delicadeza,
O toque,
A alegria,
Tens a força delicadeza.
Pietro Nardella-Dellova,
Porque há mulheres que despertam Poetas,
E fazem os mares se abrirem
E criam, em um vôo, universos incontáveis:
Há mulheres que se fazem enxergar e ver,
Que se fazem escutar e ouvir,
Que afinam cordas e abrem asas para sempre...
E se tornam singulares, únicas, preferidas,
Uma canção cujas notas vão além e aquém
Superam a partitura e seus pentagramas:
São mulheres que voam!
Porque criam asas com as próprias mãos
Asas da Poesia,
Poesia como criação,
Barro,
Água,
Fogo,
Ar
– Poesia-alma além da alma!
Poesia para fazer asas e voar,
Poesia de mandar acima,
Tirar do chão, fazer festa;
Poesia de ensinar o vôo além,
Poesia libertária,
Anárquica
E humana!
Poesia que abre os passos,
Passos singulares,
Passos de dança,
Poesia de espaços para águias voarem!
Porque é preciso ter algo além, de encanto,
De música, de fogo, de vida, de dança,
Para mergulhar nos olhos do Poeta
Para chegar e fazer morada ali,
Porque os olhos do Poeta
São feitos de encanto, música, fogo, vida
São olhos afeitos à dança, ao mergulho:
São olhos libertários,
De amor libertário:
Olhos de vida!
Que vão ao alto das montanhas,
Às rochas inacessíveis,
Talhadas pelos ventos, cortadas de quando em quando
Pelos sopros de mulheres que voam às alturas:
Mulheres-águias, feito música,
Mulheres-dança, feito encanto,
Porque estas são as mulheres que chegam às alturas,
A preferida chega,
Então, sem esforço e leve:
Chega com uma nota apenas,
Dois passos
E um sorriso
E nem sabe que em dois passos e um sorriso
Estremece os altos do Poeta,
E neste encanto o conduz
Em uma volta e um salto, um olhar acima e alegria sem fim:
Sem grito nem ruído, sem dizer palavra alguma,
Ela voa com sua dança,
Leve como a brisa ao final de tarde...
Por isso ela tem um nome, um novo nome,
Porque o Poeta vive para dar nomes aos seres,
E ela tem um nome,
Que leva e conduz, que canta e dança,
Que encanta e faz ainda mais amada,
Um nome que vem de outro mar,
E rasga os oceanos e repousa em seus olhos...
II
Queres saber?
Queres saber por curiosidade
Ou por música?
Queres saber como quaisquer que lêem um jornal
Ou
Como alguém que descobre uma fonte?
Queres saber mesmo?
Pela música e pela força?
Pela fonte de água?
Pela alegria?
Queres que eu diga este nome?
O nome que dei como jamais daria a alguém?
O nome que revela a porta aberta do Poeta?
Não,
Não é o nome de uma pessoa,
De apenas uma pessoa,
Mas, de uma Mulher
Diante de quem o Poeta
Pára,
Fica,
Emudece!
De quem mergulha
Nos olhos do Poeta e se torna brilho:
Mulher que arranca o Poeta de seus labirintos
Lançando um fio de delicadeza rubra...
Vem,
Queres, ainda, saber o nome que dei a esta Mulher
Que voa quando parece estar parada?
Que canta quanto parece estar calada?
Que sorri quando parece imóvel?
Que levita na suavidade
Quando todos parecem estar colados ao chão?
Eu dei um nome a esta mulher única
E quando chamo, parece ouvir,
Parece entender,
Parece compreender
A diferença entre dançar e voar,
Entre música e ruído,
Entre poesia e poema,
Entre brisa e vento,
Entre afeto e piedade,
Entre Poeta e Mestre...
Será que compreende mesmo?
Queres saber?
Agora mesmo
Este nome me vem aos lábios,
E eu mordo os lábios,
E misturo o nome a um som
Que faço retornar aos meus mais profundos
Espaços interiores...
Eu mordo os lábios porque o nome que dei
Tem asas e harmonia,
Tem vida e fogo.
Tem humanidades libertárias...
E avança com passos além do palco!
Queres saber por curiosidade?
Vem,
Encoste o dedo nos lábios do Poeta,
Leve e delicadamente,
E puxe este nome,
Tome-o,
Pois está entre os lábios – e é teu!
Está preso aos dentes:
Mas, é teu - plena de delicadeza,
O toque,
A alegria,
Tens a força delicadeza.
Pietro Nardella-Dellova,
in SCARPE DA DONNA, 2001
disponível
Livraria Cultura
*
imagem da escultura de Tuan Ngyen
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imagem da escultura de Tuan Ngyen
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